Arthur Alvim

Escudo do Arthur Alvim

Escudo do Arthur Alvim

ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA ARTHUR ALVIM

Fundação: 8 de setembro de 1937
Endereço da sede e campo: Rua Juciri, 292 (travessa da Av Águia de Haia), Cidade AE Carvalho, Zona Leste da Capital. CDC Nelson Garcia ‘Cabeça’
Uniforme: Camisa, calção e meias verde e branco

História

O time Associação Atlética Arthur Alvim, do bairro de mesmo nome, na Zona Leste de São Paulo, foi fundado em 8 de setembro de 1937 e é uma das mais antigas equipes varzeanas da capital. Carinhosamente chamado apenas de Alvim e também apelidado de Terremoto Verde, o time coleciona muitos troféus de importantes competições amadoras da cidade, como o título por 12 vezes da Copa Arthur Alvim, durante 20 edições, campeão da Copa Corinthinha Aricanduva (1981), hexacampeão da Copa Vetearnos Negritude, vice-campeão do Campeonato Regional Zona Leste do jornal Última Hora (1978). Todos, na categoria veterano.

Na categoria esporte, destaque para o vice no Campeonato Varzeano de 1993 e os títulos das copas 1º de Maio / Jardim Santo André (1995), Jaú da Penha (2004), Unidos Praça (2005) e Atalanta (2007).

Campo homenageia jogador

O nome oficial do campo é CDC Nelson Garcia ‘Cabeça’, que foi um dos fundadores. Ele faleceu no dia 7 de setembro de 2010, dentro de campo, vítima de um infarto fulminante enquanto jogava pelo time. O CDC é formado por dois campos: o do Arthur Alvim, que fica no número 292, e do Urca, no número 319 (este, de acordo com o site da Prefeitura de São Paulo).

A menos de um quilômetro da Arena Corinthians

O Arthur Alvim é um dos raros times com mais de cinquenta anos que segue na disputa de diversas competições de futebol de várzea. O time possui uma sede com um acervo interessante de troféus. O campo fica a menos de um quilômetro do estádio Arena Corinthians, palco da abertura da Copa do Mundo 2014, no Brasil.

Apesar do perfil mais ‘bairrista’, com festas que reúnem velhos amigos da comunidade, o Arthur Alvim também montou um time para a disputa da Copa Kaiser de 2012. Segundo Pichão – falecido em 2014 – o time está desde 1937 sem nunca parar. “Jogamos durante 20 anos sem um campo e, mesmo como visitantes, nunca paramos de jogar. Fomos para Osasco, com meia cortada, só com onze camisas… era difícil, mas a gente sempre gostou”, lembrou.

Em 1976, o Arthur Alvim reuniu 32 ônibus, mobilizando cerca de 18 mil pessoas, para uma partida válida pela Copa Arizona. “A Radial (Leste) parava”, completou Pichão. Os principais rivais dessa época do time eram Caprichoso, Cruz de Malta, Democrata e 20 de outubro.

Camisa de um ex-jogador do Alvim faz parte da sala de troféus (foto: Diego Viñas/Acervo CRFB)

Camisa de ex-jogador do Alvim, Mané Gordinho, faz parte da sala de troféus (foto: Diego Viñas/Acervo CRFB)

Dúvidas sobre a fundação

O Arthur Alvim foi fundado no bairro que leva o mesmo nome, na Zona Leste de São Paulo, em 8 de setembro de 1937. De acordo com o presidente do time, Kuka, o time surgiu em um bar que havia na Rua Benedito Leal, na Vila Nhocuné. “Quando eu cheguei no time, já tinha o Arthur Alvim montado. Tentamos contatar quem são os fundadores. Só sabe que é um português que morou em um sobrado na Rua Bebedito Leal”, contou. A incerteza também é a mesma quando os mais antigos tentam explicar a fundação. Pichão, então com 80 anos, chegou no time e nunca teve a preocupação de conhecer a fundação. “Eu não sei quem fundou. Sei que nasceu ali na sede, num bar, mas depois você entra pra jogar bola e nem liga pra isso, só cerveja e futebol”, lembrou.

Mas Boca, e José Csipiae, 66 anos, contou que a família de Pichão, faziam parte de um famoso time do bairro, o 20 de Outubro. Uma desavença na família fez com que outros irmãos montassem o time do Trinta, na região da Vila Ré. Pichão reforça a informação. “Minha família era toda do 20 de Outubro. Uns irmãos que jogavam lá me falaram que o Alvim chamava Trinta. Depois colocaram Alvim para diferenciar, mas usavam as mesmas cores dó 20 de Outubro, verde e branco (até hoje)” contou Pichão.

As cinco sedes

A primeira sede do time, teria sido no bar na Rua Benedito Leal. Mas o que se tem certeza é o local do primeiro campo, onde hoje existe a estação da Sabesp, conhecida pelo bairro como a ‘caixa d’água da Sabesp’ (Rua Benedito Leal x Rua Hermes de Moura Borges x Rua Major Boaventura). “Nosso primeiro campo era na caixa d’água. Depois, quando perdemos o campo para a Sabesp, ficamos em um campo no morro, do lado do campo do Paulistinha (time de várzea), que era mais em cima, e o nosso embaixo”, contou Boca.

Depois disse, ele contou que o Arthur Alvim ainda perdeu este campo por causa da construção de Cohab (Conjuntos habitacionais) nos anos de 1967/68. Tiveram de ir para outro local, onde aconteceu a mesma coisa. “Depois fizeram outro campo, perdemos também para a Cohab”, disse. Após o terceiro campo perdido, o Arthur Alvim jogou com um campo emprestado pelo time Paulistano. “Ficamos um ano só jogando com aquele campo emprestado”. Nesse tempo, o time ficou quase 20 anos sem campo próprio, atuando apenas como visitante.

Por fim,o time conseguiu o seu quarto campo, mas também não resistiu à modernidade. Pichão lembra que era exatamente onde hoje está a estação de Metrô Arthur Alvim, em 1986, às margens da Radial Leste. “Mas este foi o único que nos indenizaram”, contou Pichão, que disse ainda que, com o dinheiro recebido, eles montaram uma sede, um bar, no Largo de Arthur Alvim (Praça Edson Duranti, Rua Maciel Monteiro). Ficaram mais quatro anos sem campo, Em 1990, instalaram-se no campo da Rua Juciri, divisa com AE Carvalho, onde fica atualmente.

Sede atual

Hoje, o Arthur Alvim ‘manda’ suas partidas no CDC Nelson Garcia Cabeça, que é composto pelos campos dos times Arthur Alvim e Urca, na Rua Juciri. “Esse terreno é da prefeitura. Aqui é comodato, aqui é CDC. Atualmente, o presidente do CDC é o Álvaro (Arthur Alvim) e o o vice é do time do Urca. Depois troca, mas cada um cuida do seu campo”, contou Kuka. Instalados desde 1990, o local virou CDC recentemente, há três anos.

O CDC Nelson Garcia Cabela homenageia um jogador do time, que faleceu no dia 7 de setembro de 2009, dentro do campo. Kuka conta que foi uma partida pela manhã. “Ele tinha 56 e infartou. Ele ia viajar com a família, mas trocou a passagem e veio jogar. Socorremos e não deu tempo de salvar. Foi uma homenagem que fizemos para ele, até os adversários aceitaram o nome do CDC. Ele era jogador do Alvim”, completou Kuka.

A parte do CDC que pertence ao Alvim conta com um campo, boa parte ele de terra com pouca grama rala nas margens do campo. Nos muros, uma pintura com o apelido do time “Terremoto Verde”. Em outros muros, na lateral do campo, o distintivo do time com a data de fundação. Atrás do gol oposto à sede, há algumas residências e é possível visualizar o estádio Arena Corinthians.

“Além do campo, a gente tem essa sala de eventos, salão que a gente sede pra comunidade. A comunidade usa pra batizado, aniversários pra criança, até casamento. Cobramos uma taxa mínima, às vezes uma luz, uma água. Pagamos 700 de luz todo mês. E cobramos o valor para ajudar na manutenção”, explicou Kuka.

No andar de cima, a sede do Arthur Alvim conta com vestiários, a sala dos fardamentos. “O fardamento é lavado fora, numa empresa. Ele vem pronto. E cada time tem seu armário: veterano A, veterano B e esporte. O cara (da lavanderia) chega e deixa os uniformes limpos”, contou Kuka. Quando o treinador chega para pegar, está tudo pronto.

Há, ainda na sede, uma casa do caseiro, que é um profissional registrado em carteira. Já no bar, uma lanchonete bem instalada com freezers, geladeira, estufa com salgados e até máquina para passar cartões (débito e crédito), são sete pessoas que trabalham como voluntário.

O salão social, onde acontecem as festas, é um local de exposição de troféus, que estão colocados em prataleiras, móveis e dentro de um pequeno espaço isolado com um vidro. Ao fundo do salão, há uma cozinha com fogão grande e geladeira.

A renda do time sai das vendas na lanchonete. Na sede tem também uniformes expostos para comercialização. Além disso, existe um terreno no bairro que pertence ao clube e que é alugado para um ferro velho, que paga 350 reais por mês de aluguel. “O terreno lá deve valer hoje uns 500 mil reais”, disse Kuka.

A menos de um quilômetro do campo, estão as construção do Itaquerão. Assim que souberam da chegada do futuro estádio do Corinthians ao bairro, a primeira coisa que o pessoal do Arthur Alvim pensou é que o campo ia acabar. No entanto, o campo do Arthur Alvim é registrado em cartório. E o time é registrado na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e na Federação Paulista, além o cartório.

Curiosidades

Kuka tem um sobrenome de origem italiana. Ele jogou pelo Arthur Alvim durante 28 anos. “Eu era zagueiro central. Eu comecei a jogar aqui com 15 anos. Meu ídolo na época era Luis Pereira, Palmeiras. Muito bom jogador”, revelou. Atualmente, Kuka trabalha com turismo. “Eu tenho uma empresinha de ônibus. Hoje eu tenho oito (ônibus)”, disse.

Segundo os entrevistados, o Arthur Alvim já colocou 18 mil pessoas (torcedores) em uma partida. Kuka conta que foi no campo do Ceretti, em 1976, pela Copa Arizona. “Mas perdemos a partida. Só que a gente parava a Radial Leste. A festa era boa. era muita gente”, lembrou. Pichão conta que foram 32 ônibus. “Fora os carros. A gente ia jogar em tudo que era lugar. A Radial parava, você tinha que ver. E teve um cara que me desmentiu”, completou Pichão.

Quanto à família, Kuka conta que nunca teve problemas com a relação dele com o futebol. “Minha familia já é daqui. Se minha mãe não largou meu pai, ninguém mais larga. Meu pai nunca viajou, nunca saiu de casa. Meu pai trabalha até hoje, tem 80 anos. Ele é taxista”. Com dois filhos, Kuka tem três netos (dois meninos e uma menina). “Minha mulher participa daqui também. Hoje à noite ela vem no samba. E ela vem pra curtir”.

Já Pichão era Carmino Sinibard, taxista, nascido em 29 de agosto de 1932 e pai de Kuka, o presidente. “O futebol entrou na minha vida pelo Alvim. Meu pai tinha olaria, de fazer tijolo. Eu nasci na Vila Ré”, contou Pichão, que foi quarto zagueiro, beque central e lateral do Arthur Alvim. No dia, Pichão usava uma camisa antiga, utilizada pelo time de veterano. Pichão começou no time como juvenil, depois foi para o extra, que era uma outra categoria dos times de várzea da época e que não era a mais competitiva. “Comecei a jogar no extra de manhã, categoria. Não demorou muito me levaram pro esporte. Eu nem tinha chuteira”, contou Pichão.

Boca é José Csipia, 66 anos. Ele lembra de uma história que o Arthur Alvim foi jogar no Sete de Setembro da Água Rasa.. “Nossa camisa tinha um distintivo que era grudado com ferro. E nosso adversário, o Excelsior, tirou sarro. Disse que não tínhamos camisa”, disse Boca.

Pichão completa a lembrar que nesta partida, o Alvim levou dois quadros. “A gente tava entrando no campo com um uniforme com o distintivo queimado. O cara perguntou: com quem vamos jogar hoje? Com esse time sem camisa”, contou Pichão. Com raiva do que falaram os adversários, o Alvim venceu o adversário por 4 a 1. “No fim do jogo, o cara vinha dá a mão pra mim. E eu falei pra ele ‘esse time sem camisa é bom, hein”, desabafou Pichão.

Sitehttp://www.arthuralvimfc.com.br/alvim/
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